ALIENAÇÃO

TEMPOS MODERNOS

A conceitualização do termo alienação remonta praticamente dois séculos, passando, principalmente,  por  Rousseau, Marx, Sartre, Escola de Frankfurt, etc. Por exemplo, ainda que não seja a conceitualização mais comentada e ‘aceita’ atualmente, a alienação em Rousseau pode ser considerada como sendo a primeira e mais antiga definição. Ou seja, Rousseau atrelou-a ao sentido da liberdade, uma vez que o indivíduo cede seu estado de natureza para com a efetivação do contrato social. Portanto,  aliena, cede sua liberdade natural para, então, adentrar a sociedade civilizada ou liberdade civil. Vale ressaltar, quando deste processo, a observação pessimista de Rousseau, já que o indivíduo deixaria a condição de ‘bom selvagem’ para incorporar uma outra condição que requer, de forma constante, sua total apreensão e busca de controle dos interesses alheios e de seus próprios interesses(...).   
Em Karl Marx, temos plenamente aceita a definição de alienação na atualidade. Isto é, Marx atrelou o conceito ao sentido acentuadamente material, ou crítico, uma vez que considerou a alienação como inserida e pertencente somente ao sistema capitalista. Ou seja, a ideologia capitalista, representada pela classe dominante, tende a exercer domínio sobre a classe  dominada(classe trabalhadora), principalmente no sentido de aliená-la, ou então, de fazê-la ceder, por uma quantia irrisória, aquilo que lhe é mais valioso e autêntico, isto é, a  força de trabalho. Logo, estabelece-se, por exemplo, o distanciamento do trabalhador em relação ao próprio produto que fabrica ou produz, uma vez que não consegue  adquir  este mesmo produto, em função do baixo salário. Ou ainda, o distanciamento, deste mesmo trabalhador, em forma de  ausência  de noção do processo global de produção, assim como, também, o distanciamento, em forma de ausência de participação na administração direta da empresa já que não detém capital suficiente para este fim(...). Em resumo, pode-se denotar desta conceitualização que o trabalhador, no sistema capitalista, vivencia acentuadamente a alienação em seu sentido mais mórbido e negativo, restando-lhe, nas palavras de Marx, somente a busca pela retomada de consciência e, consequentemente, a efetivação da luta pela transformação como forma de revolução.   
Ainda na extensão das considerações sobre a conceitualização da alienação moral, é oportuno destacar a compreensão de indivíduo como sendo ‘um bem-em-’, ou seja, independente dos outros, que supostamente detém sua singularidade(subjetividade) e que, então, estaria apto a estabelecer relações sociais. Dentre as doutrinas que versam sobre este indivíduo, temos o individualismo que considera este mesmo indivíduo como aquele que representa o valor mais elevado ou a principal peça de um sistema que propõe organizar a sociedade. Assim, temos, por exemplo, os liberalismos e os anarquismos que tomaram este princípio do individualismo como peça principal da organização social, ou seja, o indivíduo tem liberdade de ir e vir, de poder fazer acordos e contratos dentro da sociedade, etc. Os Estados Unidos, a Inglaterra, e mesmo França e Alemanha são exemplos de nações que se apropriaram deste princípio. Por outro lado, esta mesma doutrina, o individualismo, sofreu uma forte crítica por volta das décadas de 1940-50, crítica esta feita pela ‘Escola de Frankfurt’ na Alemanha(por filósofos e sociólogos como Adorno e Horkhaimer), e que foi definida como ‘Conduta Massificada’. Isto é, efeito que tende a massificar as condutas dentro de uma sociedade através da padronização dos hábitos como a comida, o vestuário, os livros, o comportamento, etc... sendo que os principais meios utilizados para tal seriam os ‘mass-media’(meios de comunicação de massa como a televisão, o rádio, a internet, a publicidade, etc.). Ou seja, afirmava-se e afirma-se que a intenção dos que propõem a conduta massificada,  seria a de alienar, inconscientemente, os cidadãos para que comprassem e incorporassem determinados padrões, e assim, consequentemente, os que estariam por trás de tal intenção, que é a indústria cultural(originada no sistema capitalista), se enriqueceriam cada vez mais e levariam a população a trocar sua própria natureza nas relações por uma forma banalizada(estereotipada e com maneirismos). O principal país a sofrer esta crítica foram os Estados Unidos(...). Porém, não se pode negar que os países que tomaram suas idéias de organização no socialismo radical, também levaram suas comunidades à conduta massificada, principalmente os países com regime mais totalitário(Cuba, ex-União-Soviética), ou então, os regimes de extrema-direita como Irã, Síria, Coréia do Norte, etc. Em resumo, é possível definir o conceito de alienação(em sentido social), em princípio, e em seu sentido negativo, assim como em sua definição mais comum, como sendo a perda dos poderes mentais(ou o distanciamento sofrido pelo indivíduo em forma de ausência de consciência), isto é, quando não se detém consciência de  e de sua posição e função social. Já em seu sentido positivo, seria expressar e ostentar, politicamente, o fato de que se detém noção e consciência da própria posição e função social. Estendendo a definição do termo alienação, pode-se citar Sartre quando afirma que é qualquer objetivação(ideia), seja ela qual for(principalmente, como afirmou Sartre, em forma de alienantes na história). Em suma, a alienação moral (em sentido social),está representada tanto no extremo do individualismo quanto no extremo do socialismo e no extremo dos governos de direita, e tanto em sentido negativo(inconsciente) quanto positivo(consciente). 
(DANIEL ARAÚJO-colaborador/administrador do site/blog) 
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